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O apagão de líderes em números recentes


No cenário empresarial em constante metamorfose, uma preocupação inquietante tem ganhado espaço nas discussões sobre o mercado de trabalho: estamos diante de um declínio no interesse das pessoas em assumir funções de liderança.

No passado não muito distante: Esse dilema tem ressoado fortemente em diversas organizações e entre observadores atentos há alguns anos como evidenciado em uma enquete realizada durante o Fórum CEO Brasil em 2018: Dos presidentes de empresas entrevistados na época, impressionantes 76% concordavam que o "apagão de lideranças" era uma questão que merecia atenção. Essa preocupação era agravada quando apenas 11% acreditavam que suas empresas estariam prontas e atrativas para os nativos digitais, uma geração que se tornaria cada vez mais influente no ambiente de negócios. Surpreendentemente, apenas 43%, "pretendia" preparar seus líderes para lidar com essa geração emergente. Dos CEO´s entrevistados à época, 57% indicaram que o desenvolvimento de líderes em todos os níveis da organização seria a principal preocupação; no entanto, 46% afirmaram contar com líderes somente em posições chave. Esses números eram um alerta claro sobre a urgência de lidar com o "apagão de lideranças" em diversas esferas corporativas.

Qual o cenário em 2023? Uma contribuição valiosa para essa discussão vem de um estudo realizado pela Gallup, empresa global de pesquisas agora em 2023. Seus resultados apontam que as organizações falham na seleção de líderes em impressionantes 82% das vezes. Isso significa que, de cada dez profissionais escolhidos para cargos de liderança, apenas um demonstra genuíno talento para essa função crucial. A pesquisa, que abrangeu a análise de 341.186 profissionais, considerou fatores como competências, relacionamento com a equipe e desempenho financeiro das áreas de negócios sob a supervisão desses líderes. Além disso, a pesquisa da Gallup também destaca a influência significativa que os líderes exercem sobre o engajamento dos funcionários. Em um achado intrigante, foi constatado que os líderes são responsáveis por pelo menos 70% das variações nas pontuações de engajamento dos colaboradores. Isso evidencia a importância crucial da liderança na produtividade e eficácia das equipes. A percepção de que pouco foi feito desde 2018 para enfrentar o "apagão de lideranças" levanta questões sobre os desafios persistentes e as medidas necessárias para garantir um futuro de liderança sólida e eficaz.

Desafios :

  1. Escassez de candidatos qualificados: O crescimento e a transformação das empresas requerem líderes com habilidades específicas, e a falta de candidatos com essas qualificações tem sido um desafio persistente. A demanda por líderes capazes de lidar com ambientes complexos e dinâmicos supera a oferta.

  2. Desenvolvimento de liderança eficaz: A capacidade de desenvolver líderes adequados para os desafios contemporâneos é uma dificuldade contínua. O processo de desenvolvimento de liderança requer investimentos significativos em treinamento, mentorias e programas de desenvolvimento, além de uma abordagem personalizada para cada indivíduo.

  3. Reter líderes talentosos: Mesmo quando líderes talentosos são identificados e desenvolvidos, a concorrência por esses profissionais é alta. As empresas enfrentam a dificuldade de manter seus líderes em face de ofertas de outras organizações, muitas vezes com pacotes de remuneração mais atraentes ou melhores oportunidades de crescimento.

  4. Adaptação à evolução do ambiente de negócios: O cenário empresarial está em constante mudança, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças culturais e transformações no mercado. A capacidade dos líderes em se adaptar a essas mudanças e liderar suas equipes de forma eficaz é essencial, mas também é um desafio constante.

  5. Falta de alinhamento entre gerações: Com a entrada de novas gerações no mercado de trabalho, há desafios na comunicação e na compreensão mútua entre líderes mais experientes e os nativos digitais. A habilidade de liderar equipes diversas e integrar diferentes perspectivas é uma tarefa complexa.

  6. Mudanças nas expectativas de liderança: Além das habilidades técnicas, as expectativas sobre líderes agora incluem a promoção de valores éticos, responsabilidade social e uma abordagem mais inclusiva. Adaptar-se a essas novas demandas pode ser desafiador para muitos líderes.

Motivos e Fatores Desmotivadores: As causas desse fenômeno multifacetado são diversas e merecem uma análise mais atenta: Os principais fatores desmotivadores para os líderes são:

  • Falta de reconhecimento: Os líderes precisam ser reconhecidos e valorizados por seu trabalho. O ato de liderar, inegavelmente, encerra desafios de magnitude singular, indo desde a tomada de decisões cruciais até o gerenciamento das múltiplas dimensões da responsabilidade. Resta a indagação: será que a remuneração condiz com a complexidade dessas responsabilidades?

De acordo com estudos recentes, a resposta para essa pergunta é não. É possível perceber que a remuneração dos líderes não condiz com a complexidade de suas responsabilidades. um estudo do Korn Ferry Institute publicado em 2022 descobriu que os líderes de nível médio ganham, em média, 12% a menos do que os profissionais de nível equivalente em outras áreas. Além disso, o estudo também descobriu que os líderes de nível superior ganham, em média, 25% a menos do que os profissionais de nível equivalente em outras áreas. Outro estudo, realizado pela Harvard Business Review em 2021, descobriu que os líderes são mais propensos a se sentirem desvalorizados do que os profissionais de outras áreas. O estudo também descobriu que os líderes são mais propensos a se sentirem sobrecarregados e estressados. Esses estudos mostram que os líderes são frequentemente subestimados e subvalorizados. Isso pode levar a uma série de problemas, incluindo a falta de motivação, a falta de produtividade e o aumento da rotatividade.

  • Falta de autonomia: Os líderes precisam ter autonomia para tomar decisões e agir. Quando os líderes têm autonomia, eles são mais propensos a serem criativos e inovadores, e mais satisfeitos e comprometidos com seu trabalho. Isso pode levar a um aumento na produtividade, na inovação e na satisfação dos funcionários. Estudos realizados entre 2020 e 2022 apontam:

70% dos líderes dizem que a falta de autonomia é um dos principais fatores que os desencoraja a permanecer em uma organização. (Korn Ferry, 2022) Um estudo da Harvard Business Review descobriu que as equipes que têm autonomia para tomar decisões são mais produtivas e inovadoras do que as equipes que não têm autonomia. (Harvard, 2021) Um estudo do Gallup descobriu que os funcionários que se sentem autônomos em seu trabalho são mais propensos a estar satisfeitos e comprometidos com seu trabalho. (Gallup, 2020)

  • Falta de Capacitação e Direcionamento: Uma das principais razões que contribuem para o "apagão de líderes" é a falta de capacitação e direcionamento adequados para aqueles que almejam assumir funções de liderança. Muitas vezes, os profissionais são promovidos com base em suas habilidades técnicas, sem receber o treinamento necessário para liderar equipes de forma eficaz. Isso pode levar a uma lacuna entre as expectativas colocadas sobre eles e as competências que possuem para enfrentar os desafios da liderança.

70% dos CEOs dizem que o desenvolvimento de liderança é sua maior prioridade. No entanto, apenas 40% dos CEOs estão satisfeitos com o desempenho de seus programas de desenvolvimento de liderança. (Deloitte, 2022)

  • Falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal: O embate contra o cronômetro é uma constante. O desafio é conciliar, de maneira hábil, as demandas inerentes à liderança com uma vida pessoal equilibrada. Mas como sobrepujar esse desafio?

Estudos mostram estudos mostram que a falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal é um problema sério que se agravou durante a pandemia de COVID-19. McKinsey Global Institute: A pandemia de COVID-19 aumentou a pressão sobre os funcionários para conciliar o trabalho com a vida pessoal. (2020) Universidade de Stanford: A pandemia de COVID-19 aumentou o estresse no trabalho. (2021) EY : 70% dos 1500 líderes entrevistados disseram que a pandemia de COVID-19 aumentou a pressão sobre eles. O estudo também apontou que os principais desafios enfrentados pelos líderes durante a pandemia foram a gestão da equipe remota, a adaptação ao novo cenário econômico e a necessidade de se reinventar para atender às demandas dos clientes.(2021)

  • Mudanças nas Expectativas: Um panorama mutante tem imposto aos líderes uma série de expectativas renovadas. Às habilidades técnicas, soma-se, agora, um imperativo compromisso com a ética, responsabilidade social e outras variáveis relevantes.

78% dos líderes dizem que o propósito é mais importante do que o dinheiro para eles. O estudo também descobriu que 69% dos líderes dizem que estão comprometidos em fazer a diferença no mundo. (Deloitte, 2021) Um estudo do Boston Consulting Group descobriu que 74% dos líderes dizem que a ética é a qualidade mais importante que um líder pode ter. O estudo também descobriu que 67% dos líderes dizem que estão comprometidos em criar uma cultura ética em suas organizações. (2020) Um estudo do World Economic Forum descobriu que a responsabilidade social é uma das cinco principais habilidades que os líderes do futuro precisarão ter. O estudo também descobriu que 71% dos líderes dizem que estão comprometidos em tornar suas organizações mais sustentáveis.(2020)

Outros Números Importantes:

  • Uma pesquisa da Deloitte (2021) revela que 70% dos CEOs consideram o desenvolvimento de liderança como sua maior prioridade.

  • De acordo com a Harvard Business Review (2019), empresas com líderes excepcionais têm 15 vezes mais chances de alcançar o sucesso.

  • Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 2020, com 2.500 líderes de empresas brasileiras, constatou que 80% dos entrevistados se sentem sobrecarregados com o trabalho. O estudo também apontou que os principais motivos para a sobrecarga são o aumento da complexidade dos negócios, a necessidade de tomar decisões rápidas e o ritmo acelerado do trabalho.

  • As organizações estão lutando para encontrar candidatos qualificados para cargos de liderança. Apenas 30% dos CEOs dizem que estão confiantes de que conseguirão preencher as vagas de liderança que precisarão nos próximos dois anos. (Deloitte, 2022)

  • Um estudo do Korn Ferry Institute baseado em 70 países prevê que até 2030, o mundo precisará de 85 milhões de novos líderes, seguindo a necessidade de líderes nas empresas.(2022)

  • Já o estudo do McKinsey Global Institute (2019) prevê que o mundo precisará de 650 milhões de novos líderes até 2030. Este estudo usa dados de 150 países e se concentra na necessidade de líderes em todos os níveis de governo, negócios e organizações sem fins lucrativos. O estudo também descobriu que a escassez de líderes é particularmente aguda em países em desenvolvimento, onde a demanda por líderes está crescendo mais rapidamente do que a oferta.

O estudo do McKinsey Global Institute é um alerta para o mundo. Ele mostra que precisamos fazer mais para desenvolver líderes. Precisamos criar mais programas de liderança, precisamos investir mais em treinamento de liderança e precisamos incentivar mais pessoas a se tornarem líderes. Se não fizermos isso, correremos o risco de não ter líderes suficientes para atender às demandas do mundo moderno.

Conclusão: O "apagão de líderes" é um desafio e uma oportunidade para as empresas moldarem seu futuro. A busca por líderes competentes e inspiradores é uma jornada que exige estratégias inovadoras e ações concretas. Capacitar os líderes do amanhã, oferecer direcionamento, fomentar o equilíbrio entre responsabilidades e valorizar suas contribuições são passos essenciais para reverter essa tendência. Em um mundo em constante evolução, as empresas que investem na formação de líderes robustos estarão preparadas para enfrentar os desafios e prosperar. ____________________________________________________________ Autoria: Roberta da Trindade EFOCO Soluções em Gestão de Pessoas é uma consultoria de recrutamento, seleção e desenvolvimento comercial. Recrutamos e desenvolvemos posições operacionais e de gestão comercial desde 2019. Somos pioneiros no segmento.

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